26 de julho de 2009

Página de um diário.

Eu acordei, e olhei para o lado, estava tudo tão diferente. Me lembro que durmi em casa, mas estava tudo tão claro. A cama! A cama estava do lado da janela, como?
Me recusei a pensar, estava tão cedo, e meu corpo lutava pra não levantar, fechei novamente os olhos e me virei contra a janela. Acordei novamente, e você estava ao meu lado.
Você abriu os olhos lentamente, era como uma carta de amantes que a muito não se viam, lindos e penetrantes, cheio de poesia e ternura. Eu quis que aquele momento não terminasse.
Você tocou meu rosto e disse: -" Bom Dia." Como o dia não poderia ser bom com você ao meu lado?
Seus olhos fecharam novamente e então você se virou e continuou em um sono leve como o de um menino.
E me levantei e fui olhar em volta queria explorar cada canto.
Era como um sonho, a casa, objetos, tudo guardado em caixas ainda, espalhadas por todos os cantos, latas de tinta e quadros, tantos livros e fotografias.Me sentei no meio da sala e comecei a desfazer uma das caixas, tantos albúns, fui olhando cada um, foto por foto, vivendo os momentos,
teu sorriso estampado por vitórias, meus olhos cheios de lágrimas em algumas, eu que nunca fui muito de chorar... Parecia engraçado, me perdi ali, por alguns instantes.
Você levantou, veio e sentou ao meu lado, ficamos relembrando e rindo de todos aquelas coisas passadas, e de como foi difícil chegarmos até ali.
Você se levantou e saiu correndo, estava atrasado para fazer algo, eu escutei o som do carro, queria captar todos os detalhes.
Olhava pelas portas de vidro que cortavam toda a casa, atravessei o jardim, viajei no céu acima de mim, me deitei e respirei o ar estava leve e quente, a noite já começava a chegar, o dia havia passado tão rápido.
Ouvi o som do motor novamente, corri para dentro, te vi ali, trazendo mais caixas.
Você a soltou no meio da cozinha e estouraram vidros e potes de tinta, fazendo voar tinta para todos os lados, a cozinha era tão branca e derrepente ficou colorida, como a vida estava até aquele momento, escutei você reclamando, limpei e no fundo achei graça.
Me vi sozinha novamente, resolvi escutar alguma música, pendurar meus quadros na parede enquanto você não aparecia... Organizando e montando nosso lar, parecia tão irreal...
E lá vem você de novo com mais uma caixa, eu segurei para não rir, e reclamei como de costume.
- "Há não, mais caixas? Olha aqui mocinho, se você for soltar mais tinta por ai, você vai limpar sozinho!"

Seu sorriso me invadiu, sempre rindo de mim e de minhas reclamações aleatórias, e de como eu me preucupo com tudo.
Você respondeu tão calmo, dizendo para eu parar de ficar reclamando e ir ver o que você tinha levado para mim, você colocou a caixa delicadamente no chão e abriu bem devagar, eu me sentei ao seu lado, e olhei para dentro dela...
Não contive o sorriso, era tão lindo, um filhote! Me senti como uma criança.
Você se divertia, com o pequeno cãozinho. Pelo visto não era somente eu que havia retornado a infância.
Ele saiu correndo e pulando pela casa toda, havia tanto espaço, derrepente ele pulou em uma caixa cheia de roupas e saiu carregando uma peça sua, você correndo atras, gritando como se o pequeno entendesse tudo o que dizia.
Um telefone tocou ao fundo, uma voz amiga do outro lado, certas coisas não haviam mudado, eu teria obrigações no dia seguinte, mas estava me alegrando com tudo.Após muita correria e gritos, recuperou o que era seu, o cãozinho olhava como se soubesse que estava encrencado, se escondeu atras de mim, você se sentou no balcão e começou a sorrir.
Há o seu sorriso, ele é tão reconfortante, me transporta para longe de tudo que me assombra.
O dia havia chegado ao fim, após o banho a cama me aguardava, fiquei deitada nela, olhando pela janela que mais cedo me acordara, sentia seu cheiro no travesseiro ao lado~.
Você chegou e se deitou ao meu lado, e fez a pergunta que você mais faz, e é incrível como eu nunca respondo.
-"Amor, o que você está pensando?"
Eu sempre respondo:
-" Nada demais."
Você olhou fundo dos meus olhos e continuou perguntando se algum dia iria descobrir o que tanto se passava pelos meus pensamentos, eu não queria que aquilo tivesse fim...
Adormeci.
Cedo, o despertador tocou, como de costume o joguei na parede.
Levantei ainda dormindo, e olhei para te encontrar e percebi, havia sido apenas um sonho,
apenas um sonho.
A água estava gelada, sai correndo para a rua,
e como esse café ta amargo.
Vamos a realidade grita!

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